IBEVAR e FIA Business School projetam expansão do varejo no primeiro trimestre de 2025. Até recentemente o FIBGE divulgava as séries com os dados dessazonalizados. Mas, atualmente as séries são reais, ou seja, não ajustadas em função dos movimentos sazonais. Isso implica em variações mensais mais pronunciadas em relação ao que ocorria no passado. Essa observação é importante apenas no confronto com as variações anteriores. Entretanto, as conclusões se mantêm independentemente das séries utilizadas.
O setor varejista brasileiro apresenta resultados heterogêneos, com destaque para o segmento de Tecidos e Vestuário, que lidera o crescimento com 43,17%. Este desempenho pode indicar uma retomada do consumo de moda após sucessivos períodos de retração.
Em contraste, o setor de Livros, Jornais e Revistas registra mais uma vez uma queda significativa, ou seja, recuo de 43,88%, revelando a crise que afeta o mercado editorial. Este declínio reflete a migração para conteúdos digitais, agravada por fatores como redução do hábito de leitura em meios físicos ou dificuldades enfrentadas pelos consumidores desses produtos.
Os resultados do varejo como um todo mostram-se positivos. O Varejo Ampliado (inclui veículos e material de construção) tem expansão prevista de 8,99%, superior ao Varejo Restrito, com 8,55% (exclui os dois segmentos citados). Entre os segmentos, além do já mencionado setor de Tecidos e Vestuário, encontram-se Artigos de Uso Pessoal (15,45%) e Móveis e Eletrodomésticos (13,24%), indicando uma tendência de consumo voltada para itens pessoais e para o lar, possivelmente refletindo mudanças nos padrões de comportamento e prioridades de consumo.
O setor de alimentos apresenta crescimento de 4,40%, similar ao desempenho de Híper e Supermercados (4,35%), sugerindo estabilidade nestes segmentos. Categorias como Material de Construção (10,92%) e Artigos Farmacêuticos (8,89%) demonstram vigor acima da média do varejo, impulsionados pela demanda por melhorias residenciais e pela atenção com saúde.
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School: “Os modelos preditivos revelam um mercado varejista em transformação, com vencedores e perdedores. Enquanto setores de mídia impressa enfrentam desafios, segmentos ligados a vestuário, uso pessoal e itens para o lar demonstram vigor. O crescimento do varejo acima de 8% sinaliza recuperação, mas a distribuição desse crescimento entre os segmentos aponta para mudanças nos hábitos de consumo”.